domingo, 29 de julho de 2012

Resenha: Batman, O Homem-Morcego (Batman)


Como muitos já sabem ontem, sexta-feira, estreou “Batman – Cavaleiro das trevas ressurge” nos cinemas brasileiros, com isso, o Café com Tripas decidiu fazer uma homenagem ao homem morcego.
            - Quer dizer que essa semana vocês vão deixar de lado os filmes trashs e falar de Batman?
            Claro que não, amiguinho, falaremos dos dois. Hoje falaremos sobre o melhor filme do Batman já feito. Nolan e Bale que nos desculpem, mas é Adam West que manda por aqui.
            Assim, sente-se em sua Bat-Cadeira, pegue sua Bat-Pipoca e leia nossa Bat-resenha.


 

Título original: Batman 
Lançamento: 1966
Duração: 105 minutos
Direção: Leslie H. Martinson
 




"Batman, o Homem-Morcego"
O tempo e a transformação do herói


            Passando pela Gothan dark de Tim Burton, pela carnavalesca de Joel Schumacher e pela realista de Christopher Nolan, o Café revive a Gothan de 1966, aquela com um Batman fora de forma, com um Robin que faz incriveis deduções e com as situações mais “non-senses” que você poderia ver em um filme de super-heróis, em que o Batman e seus inimigos possuem um único objetivo, divertir.

Bat-História

             Os quatro maiores vilões de Gothan City (Coringa, Pinguim, Charada e Mulher-Gato) se unem em um plano maléfico para pegar o Homem-Morcego e dominar o mundo.

Santa sardinha, Batman

            Já começamos o filme com um agradecimento dos produtores a todos os inimigos do crime, devido ao seu exemplo e inspiração que dão as pessoas. Além daqueles que combatem o crime, também agradecem aos amantes da aventura, do entretenimento, do ridiculo e do bizarro.
Sim, amigos, também senti isso, esse filme foi feito pra gente.
            A história se inicia com Batman e Robin recebendo um telefonema anônimo que lhe informa sobre um barco que conteria uma invenção importantíssima para Gothan, além disso, tanto a invenção quanto o inventor estariam correndo perigo. Com isso, nossa dupla de Heróis - que estavam fazendo um passeio tranquilo de carro - voltam para a Batcaverna (lotada de “computadores” que juntos não devem ser metade do celular que você carrega no bolso). Nela, se vestem, pegam o Batmovel, se locomovem até o aeroporto pra pegar o Bat-Cóptero (que não passa de um helicoptero meia-boca decorado com asas) e vão atrás da missão misteriosa. E sim, o helicóptero do Batman fica no aeroporto.
            Sobrevoando o oceano, eles avistam o tal navio, porém, quando Batman está descendo sua Bat-Escada (uma escada de cordinha e madeira comum) para adentrar o návio, ele misteriosamente desaparece. Um tubarão surge e morde a perna do nosso herói, contudo, tenha calma, amiguinho, esse foi um imprevisto para o qual nosso homem-morcego estava preparado, pois em seu helicopete ele sempre carrega um “Bat-Repelente de tubarões”... Sentiu o poder? Bale, Keaton, Clooney e Kilmer: aprendam com o mestre e sempre tenham consigo repelentes de tubarão, baleia, barracuda e outros mais; nunca se sabe quando serão necessários. Além disso, vale notar que mesmo sendo mordido por um tubarão, a perna e a calça de nosso herói continuam intactas, sem sequer um arranhão.
Esse Bátîmã é cabra da peste.

Batman, um cidadão norte-americano


            Após essa aventura inicial de nossa dupla de heróis, Batman e Robin vão dar uma coletiva de imprensa sobre o acontecimento, e aqui começamos a perceber que não existe a diferença entre os filmes recentes e o antigo apenas no humor, mas também na inserção do herói na sociedade da época. Enquanto nos filmes a partir do final dos anos 80 havia a discussão sobre a legitimidade do homem-morcego combater o crime por conta própria, sem ser um agente da lei, o filme de 1966 apresenta um discurso diferente. Nele, Batman é respeitado por todos e visto como um agente da lei de Gothan, não sendo discutido se aquilo é legitimo ou não, ou seja, existe, de certa forma, um incentivo para que as pessoas sigam o exemplo e se comportem como heróis. Tanto é assim que, durante a coletiva, a mulher gato (disfarçada de repórter) pede para que nossos heróis tirem as mascaras e todos do local ficam chocados. A isso Robin responde: “Debaixo desse disfarce somos americanos comuns”.
            No filme, Batman e Robin são de fato representantes da justiça, enquanto nos filmes tardios existem divergências de opiniões, já que para alguns eles são heróis e para outros são criminosos.

A sorte favorece os bons... Ou não


            Uma coisa que aprendemos com o filme é que não importa a situação, se você for bom e estiver combatendo a injustiça, a sorte virá ao seu encontro. Como exemplo podemos citar a cena em que Batman e Robin estão presos em uma boia no meio do mar e sem poder se mexer, havendo um torpedo indo em direção a eles. Uma situação impossivel de se salvar. No entanto, como eles são heróis e lutam contra o crime, um golfinho se joga na frente do projétil para salvar a dupla dinâmica. Logo após a cena, Batman e Robin conversam sobre a nobreza do ato do golfinho (quase humano) que deu a vida para salvar a vida da dupla dinâmica. Afinal, a prevalência da justiça faz muita diferença para um cetáceo.
            Por mais engraçado e bizarro que possa ser, podemos tirar uma mensagem político-social da cena: se até um animal (golfinho) dá a vida para lutar contra o crime e a injustiça, porque não fazemos o mesmo? Seria uma forma de passar a mensagem de incentivo a luta pelo seu país com sua própria vida, a propósito, algo bem estadunidense, não?
            Outra situação bizarra cuja nossa dupla conta com a sorte, é o momento em que Charada atinge o Bat-Cóptero com um míssil e milagrosamente os heróis caem em cima de espumas que estavam no meio da rua - Oi?

Um Bat-Exemplo a ser seguido

            Ao passo que o heroísmo é exaltado no filme, existem alguns momentos nos quais as organizações do governo são “ridicularizadas”, dando a entender que o governo pode errar, mas sempre haverá alguem que irá ajudar a resolver o problema e salvar o dia, e não precisa ser o Batman, pode ser um cidadão comum. Afinal, como foi dito anteriormente pelo Robin: nós somos americanos comuns. Eis uma forma de inserir as pessoas na sociedade em um período em que parte dos americanos estavam perdendo a confiança no país (guerra do Vietnã, Guerra Fria, movimento hippie, etc.)
             Algo que, no entanto, soa bastante estranho a nós que assistimos o filme quase 50 anos depois, é o discurso anti-alcool que é apresentado nele (algo bem esquisito ao cinema hoje em dia, já que não tem coisa mais normal do que pessoas bebendo para celebrar e confraternizar, seja no cinema, na tv, no teatro ou em qualquer lugar). Enquanto Batman e Robin escalam a parede de um bar com seu Bat-Rangue (um morcego de plástico amarrado com um barbante) começam a discutir:

- Robin: Veja bem Batman, essas pessoas em trajes estranhos, como os pobres super-desonestos que estão por ai. É assombroso que ninguém tenha denunciado este lugar a polícia.

- Batman: É uma vizinhança barata, cheia de alcoólatras. Eles pensam que essas raras visões são desilusões alcoólicas.

- Robin: Deus, beber é com certeza um hábito asqueroso. Preferia estar morto do que não confiar em meus próprios olhos.

*

- Robin: Você arriscou sua vida para salvar aqueles canalhas num bar?

- Batman: Eles podem ser boêmios, Robin, mas também são seres humanos e merecem ser salvos. Eu tinha que fazer isso.

            Essa cena e outras mostram bem a questão da intervenção da religião e do Estado no mercado cinematográfico de massa, no qual era necessário respeitar alguns padrões sociais e não tocar em certos assuntos que pudessem ofender o espectador.

Batman, o salvador do mundo


            No final do filme vemos frequentemente a questão da democracia norte-americana como a solução para os conflitos globais. Após os quatro vilões sequestrarem todos os embaixadores presentes em uma reunião de chefes de Estado, Batman e Robin conseguem resgatá-los. Entretanto, devido a alguns problemas, cada embaixador passa a falar a lingua de um país diferente do seu. Ao perceber o ocorrido, Batman diz:

- Quem diria Robin? Está estranha mistura de mentes pode ser o maior serviço unido prestado à humanidade.

            Ou seja, a solução do mundo está na democrácia (defendida pelos EUA) que ocorre a partir do momento que um começa a absorver a cultura do outro e não na ditadura, conservadorismo e/ou regionalismo defendidos por alguns.

POW! WHAP! BFF! BAP! ZWAPP!


            “Batman, O Homem-Morcego” é um daqueles filmes que carregam a década na qual foi produzido junto com ele, mas que, ao mesmo tempo, será eterno; qualquer pessoa de qualquer idade ou época poderá assistir e se divertir.
            A trilha-sonora é um dos pontos fortes do filme, cheia de músicas que sobreviveram aos anos e marcaram a infância de muitos, afinal, quem nunca escutou a música tema de Batman?
            O filme é muito divertido e cheio de coisas bizarras: Batman correndo com uma bomba prestes a explodir nos braços por uns cinco minutos, os vilões voando em guarda-chuvas voadores, as deduções WTF? do Robin, as lutas cheias de POW! ZWAPP! Em que o soco nunca encosta no inimigo (lutas pastelão que são copiadas até hoje em dia), a inocência dos heróis, os utensílios nada tecnológicos, etc.
            É inegavel dizer a superioridade técnica dos filmes posteriores,  já que foram feitos mais de 20 anos após, mas assistir um filme desses é como fazer uma viagem no tempo e ver como cada época representa um mesmo herói. Nós do Café adoramos o Batman do Nolan e estamos loucos para ver o desfecho da trilogia, mas nunca um Batman será tão divertido e sem noção quanto o de Adam West...

Trailer:

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