sábado, 14 de julho de 2012

Resenha: Hard rock zombies

 
  Na semana do dia mundial do Rock, o Café não poderia deixar de trazer uma resenha com o bom e velho Rock n’ Roll e muitas Tripas. Então, para celebrar esse dia tão importante para nossos amiguinhos cabeludos – seja aqueles vestidos de preto, com cara de mal, moicanos ou carecas, que curtem um laquê e objetos de oncinha, enfim, os muitos filhos do Tio Rock - trouxemos um filminho dos anos 80 (a melhor decada para alguns) cheio de rock, zumbis e tudo que um filme trash tem direito.
Aumente o som, balance a cabeça e curta a resenha de “Hard Rock Zombies”.


 

Título original: Hard Rock Zombies
Lançamento: 1985
Duração: 95 minutos
Direção: Krishna Shah





 Hard rock zombies

You can't kill Rock n' Roll

 

“He did the mash, He did the monster mash”

(Misfits)

 

            Antes de começar, vamos deixar claro que “Hard rock zombies” é uma grande suruba, sim, tipo essas que muitos “Rock Stars” adoram, porém, vamos deixar essa conversa pra outro dia e vamos focar no filme... Digo que é uma suruba, pois, ao assistir, ficamos com a impressão que o diretor teve muitas ideias e não se preocupou em focar em uma; ele utilizou todas e, por isso, encontramos tanto zumbis quanto lobisomens, nazistas (inclusive o próprio Hitler), anões, auto-canibalismo (isso existe, produção?) entre outros. Enfim, pera, uva, maçã, salada mista.

 

“Well, on with the show, Going on with the show”

(Motley Crue)

 

            Uma banda de Hard Rock, parte para uma cidadezinha do interior fazer um show, mesmo sendo avisados para não ir (Típico), onde serão escutados por uma pessoa do ramo capaz de influenciar na carreira da banda. Chegando lá, se hospedam na casa de uma familia um tanto quando estranha, já que os habitantes locais são conservadores e totalmente contra a presença dos rockeiros lá. Depois de serem mortos por nazistas, eles voltam ao mundo como zumbis, para vingar seus assassinos e conseguir contrato com uma gravadora.

 

 “Welcome to my nightmare, I think you're gonna like it”
(Alice Cooper)

 


          Começamos o filme com dois amigos dando carona pra uma loira boazuda e sendo assassinados logo em seguida (claro que não tão simples assim, sempre tem uns “WTF?” entre as cenas). Na cena seguinte, somos apresentados aos protagonistas, uma banda de “Metal farofa” com aquelas músicas chicletes que tanto adoramos e, que pra variar, acabam aceitando exigências do empresário mesmo não concordando. Após o show, uma garota invade o camarim do vocalista... Porém, ao contrario do que você está pensando, ela não é uma groupie e só veio alertar a banda para não continuar com a turnê, pois não serão bem vindos pelos locais da próxima cidade em que passarão.

            Ignorando o conselho da garota, a banda segue viagem. No caminho, o vocalista/baixista está compondo uma música que revive os mortos (de acordo com um antigo livro). Ela se mostra eficaz quando observam um mosquito que revive enquanto tocam. Chegando proximos a cidade, eles encontram a loira, do inicio do filme, pedindo carona e como bons cavalheiros sem interesses sexuais, acabam parando e levando a moça pra casa, que oferece hospedagem para os forasteiros.

            O que era pra ser apenas mais um show em um cidadezinha do interior, se torna um festival de monstruosidades...

 

“I can hear it screamin' in my mind, Long live rock and roll”

(Rainbow)


            Ok, antes de começar o show de monstruosidades, temos uma cena um tanto quanto bizarra (Ohhh, jura?). Os membros da banda saem correndo, dançando e fazendo baboseiras pelo centro da cidade para divulgar o show, enquanto os moradores da cidade olham com olhar de desprezo. Ok, o que tem de bizarro nos membros da banda divulgando o show? Ta bom, eu digo, imaginem cabeludos com calças coladas, botas e regatinhas mostrando a barriga correndo pela cidade, fazendo algumas dancinhas típicas de Menudos e até mesmo imitações de mímico, com uma musiquinha na trilha sonora que está entre o Hard Rock e o Pop oitentista (no melhor estilo Boy Band). Quando digo que é bizarro, juro que não estou exagerando.

            Mas nem tudo é Rock n’ Roll, dancinhas e felicidade, não é mesmo? Logo depois desse “videoclip”, a banda começa a perceber a hostilidade dos locais e acabam sendo presos sem motivo aparente. Sim amiguinhos, ser do rock é crime.

 

“Cause I want to be anarchy, No dog's body”
(Sex Pistols)

 

            A partir desse momento começamos a entrar na questão chave do filme, o conservadorismo. As pessoas da cidade tratam o rock como algo que vem para corromper os jovens e quebrar a “harmonia” da cidade. Ai você me pergunta, mas não seria exatamente essa a principal essencia do Rock? Questionar e confrontar o mundo careta? E te responderei: sim, inclusive, é por isso que o amamos tanto e algumas pessoas o odeiam tanto; o rock vem como uma forma de esfregar na cara todos os podres da sociedade além de fazer as pessoas seguirem os próprios desejos, sem se preocupar com a opinião alheia. Pessoas revoltadas, que não se reprimem, que correm atrás daquilo que querem sem se preocupar... Viu o quão perigoso isso pode ser?

            Voltando ao filme, a cidade organiza uma assembleia para votar contra os shows de rock na cidade, e nesse momento que vemos toda a hipocrisia da cidade, pois ao mesmo tempo em que julgam os cabeludos, se colocam na posição do ridículo para quem tá assistido: o presidente do conselho não sabe qual a pauta que será discutida, uma lei que proibe ciganos, shows e coisas que vão contra a “moral norte-americana”, visões estereotipadas, pessoas que não escutam a opinião oposta (mesmo dizendo que é uma democracia), que condenam atitudes que eles mesmos promovem, entre outras coisas.

Familiarizado com essas atitudes? É, eu também...

 

 

            No fim da votação é declarado que Rock n’ Roll está proibido na cidade, sejam shows, na rádio, discos, enfim; o que leva a certa “revolta” das próprias pessoas que votaram contra... Oi? Isso mesmo: as próprias pessoas que condenam o estilo são aquelas que o escutam. A propósito, quantas vezes não vemos pessoas votando em alguém/algo e logo depois que é eleito começa a perceber a burrada que fez?

Todavia, no meio de tudo isso, um alarme toca e o chefe da família tira uma máscara revelando ser Hitler, em carne e osso. Disso podemos tirar que o conservadorismo acaba camuflando todo o preconceito de uma sociedade, e até mesmo encobrir pensamentos facistas de uma sociedade, mesmo que as pessoas não percebam isso, mas acabem agindo inconscientemente para tal.

 

You can't kill rock'n'roll, It's here to stay
                                                                                                                                 (Ozzy)

            Nossos heróis são mortos - em cerca de 30 minutos de filme - pelos anfitriões, “a mão que afaga é a mesma que apedreja” lembra? Contudo, como diria nosso querido principe das Trevas “You can’t kill rock n’ roll, It’s here to stay”. O rock apanha, decai, até morre, mas volta. Assim, nossos amigos cabeludos ressurgem dos mortos em busca de vingança logo que o affair do vocalista coloca uma música da banda para tocar.

            A garota ressucitando seus “idolos” é uma forma de demonstrar o poder da música, dado que mesmo com os compositores/interpretes mortos, eles continuam tendo uma influência marcante na vida de muitas pessoas, mesmo décadas mais tarde.

 

“It's times like these, You learn to live again”
(Foo Fighters)

            Uma das coisas que se destacam no filme é a trilha sonora, músicas oitentistas e divertidas que ajudam a dar o clima Rock n’ Roll do filme. Muitas vezes são colocadas em cenas um tanto quanto estranhas que simulam “videoclips”, como, por exemplo, o tour da banda pela cidade (citado anteriormente) e a parte em que a loira fica dançando num ambiente desértico - totalmente non-sense. A fotografia não apresenta nada de mais, porém, em alguns momentos ela acaba sendo bem escura; o que não é tão legal assim.
            O filme é um mix de varias ideias que acabou dando certo no que se propõe a fazer. É um filme que demonstra o medo que as pessoas, geralmente do interior, tem do rock, porém, acabam não percebendo que o perigo não está exatamente no novo ou na rebeldia, mas naquilo que existe entre eles e que ninguem percebe (ou não quer perceber).
            Temos diversas cenas bizarras e muitas coisas que poderiamos discutir, mas ficaria horas para conseguir falar sobre tudo, então recomendo que assistam, afinal, não é todo dia que você encontra um filme com zumbis, rock, Hitler e seus nazistas, lobisomens, anões, loiras psicopatas, auto-canibalismo, um paparazi de assassinatos...

 

 

“A soul in tension that's learning to fly”

(Pink Floyd)

 

Como todo bom filme trash “Hard rock zombies” tem muito que nos ensinar. Aqui vão algumas das lições mais preciosas que tiramos dele:

 

- Pessoas morrem afogadas em menos de 3 segundos embaixo d’agua e sangram como se tivessem perdendo membros.

- Cortar a mão de alguem é tão facil quanto cortar manteiga e arrancar a cabeça de alguem é tão facil quanto tirar a tampa do achocolatado.

- É normal deixar seus netos assistirem sua transa.

- Hitler está vivo, ou você achou que ele tinha morrido? Como ele mesmo diz no filme “Pensam que sou otario?”

- Zumbis sabem tocar instrumentos e cantar.

 

Trailer:

 


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