Muito bem, leitores e leitoras do Café, vocês deixaram bilhetes de ameça, cartas com
anthrax, e-mails com xingamentos à mãe, maçãs envenenadas, pichações no portão
e nós conseguimos, finalmente, captar seu amor incondicional. Respondendo aos
zilhões de pedidos (dois), lançamos hoje a continuação da série “Grandes clichês do cinema”. Acompanhem!
Enterro chuvoso
Não contente em mostrar que os personagens estão tristes com a
morte de alguém, esse clichê tenta nos fazer sentir que o próprio mundo parece
reforçar a infelicidade dos vivos, fazendo chover torrencialmente no velório do defunto.
Elogio
da pobreza
O preferido dos
recalcados! O elogio da pobreza transmite ao espectador a idéia de que os pobres são moralmente
bons e que seu caminho sofrido é o mais honesto a se
viver. Não é difícil notar que elogiar a pobreza é também uma forma de
compensar os benefícios da riqueza, colocando o pobre como alguém que, embora
não tenha dinheiro, possui qualidades que os abastados não possuem. Um monte de
produções por aí, inclusive, exibem personagens ricos que precisam passar pela
pobreza para que se “dignifiquem” e alcancem a completude. Curioso isso. Quem me dera ser
“emporcalhado” pela fortuna de alguém...
Estrangeiros estereotipados ou marginalizados
Muitíssimo comum
no planeta Hollywood, esses clichês andam juntos e não são mais que,
primeiramente, a estereotipação dos estrangeiros que comumente habitam um
país, normalmente, de modo negativo para eles. Trata-se tanto de
criar uma caricatura daquele que vem de fora, quanto atribuir a ela certa
natureza de comportamento e pensamento. Já a marginalização, por sua vez,
é a tranformação desses indivíduos em pessoas suspeitas que ameaçam o modo
de vida das "pessoas de bem", nativas dos países em que
eles agora estão. Ela serve tanto para ressaltar a identidade dos nativos
quanto para atribuir (unicamente) aos estrangeiros os problemas do país.
Um
dos meios mais comuns de apresentar ambos clichês, por exemplo,
é a interpretação dos povos da América latina como indivíduos que falam
espanhol, se chamam Pablo, Miguel (Inês e Dolores, se mulher),
praticam cristianismo miscigenado, preparam nachos e não se
importam em apropriar-se dos setores sociais mais
desfavorecidos, seus lugares naturais na sociedade.
Logística cadavérica avançada
Usada pelos melhores assassinos do cinema lá nos anos oitenta, a
logística cadavérica é aquela habilidade supreendente de dispor o corpo de uma
vítima em posições para lá de complicadas e do
modo mais assustador possível, de maneira a assustar o protagonista
que passará ali. As dúvidas que naturalmente surgem nesses casos são: como ele
fez o corpo caber ali? Como é bolou tudo isso em tão pouco tempo? O que ele
usou para fazer desse jeito? Entre várias outras. Pela manutenção da diversão
do filme, no entanto, afirmo que é melhor não questionar muito.
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