quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Literatura: O menino que desenhava monstros (Keith Donohue)


Você acredita em monstros? Não? Mas e quando você chamava seus pais porque estava com medo dos monstros que estavam embaixo de sua cama e dentro do seu armário quando era pequeno? Eram apenas fantasias da idade? Mas você jurava de pé junto que tinhas visto coisas, não? Aham... sei...



Na casa dos sonhos, o garoto tentava escutar o monstro embaixo de sua cama. Uma aterradora presença na escuridão o havia despertado no meio da madrugada, e ele aguardava o som revelador de uma respiração. Haveria tal respiração? Ou o monstro chegaria em silencio, sem aviso? Ele não teria tempo de se defender ou de proteger os tesouros guardados em sua velha caixa de brinquedos. A possibilidade de tal ataque o enervava, mas ele não ousava se mexer. Não ousava colocar sua cabeça fora do barco e checar o espaço entre o colchão e o amplo mar azul do tapete trançado de sisal. Ele não ousa acender o abajur e inundar o quarto de luz, arriscando-se a assustar o monstro e tirá-lo de seu esconderijo. Não havia qualquer respiração além da sua, nenhum som além do bater ritmado de seu coração. ”

Título original: The boy who drew
monsters
Autor: Keith Donohue
Ano: 2014
Editora: Darkside books
Páginas: 252

            Jack Peter é um garoto de 10 anos que, apesar de ter Asperger (uma síndrome semelhante ao autismo), tinha uma vida normal no litoral do Maine. Após um acidente em que ele e seu amigo Nicholas quase morreram afogados, JP passa a sofrer de agorafobia, impedindo-o de sair de casa e se tornando cada vez mais reservado. Trancado dentro de casa e sem muito contato com o mundo externo, a não ser por seus pais e Nick, ele passa seus dias se entretendo com hobbies temporários que ocupam seu tempo.
            Quando os feriados de final de ano se aproximam e JP está cada vez mais entretido em seus desenhos, a família começa a presenciar situações incomuns que não conseguem explicar. Jack Peter repete que existem monstros por perto, mas seus pais acham que é apenas um reflexo de seus passatempos. Afinal, monstros não existem, não é mesmo?



As criaturas ao redor

            Antes de começar mesmo a resenha, já vou adiantar que O menino que desenhava monstros não é um livro sobre monstros, mas sobre pessoas. Isso não quer dizer porém que os monstros não estejam presentes na história, pois eles estão, no entanto, como é possível perceber logo no começo da leitura, os monstros não existem por si só, mas são uma reação a algo que os antecede.
            Claro que também é possível fazer uma leitura mais superficial e ignorar isso. E pensando assim tudo irá se encaixar e teremos uma história divertida de ler, contudo, o mais interessante sobre o livro pelo menos pra mim são as possibilidades interpretativas que ele abre, e elas não estão escritas assim tão explicitamente. Por isso, não espere ler um livro de terror, pois O menino que desenhava monstros não está buscando te assustar, mas te fazer refletir sobre o medo.


Papai, mamãe, filhinho... e os monstros

Holly e Tim vivem com seu filho Jack Peter na costa do Maine desde o acidente que quase causou a morte de JP há alguns anos. A família vem passando por alguns momentos conturbados pois, desde o evento, o filho se tornou ainda mais recluso devido a agorafobia, que além de criar o medo de sair de casa também agravou a síndrome de Asperger do garoto, condição que lida desde a infância.
Essa mudança comportamental do filho impactou no casamento, levando a um distanciamento entre Holly e Tim, sendo que ao longo da narrativa é perceptível que a doença do filho é tratada com um peso para os dois, como se o culpassem pela impossibilidade de ter uma vida normal, como se ele fosse um peso que eles precisam carregar. Tanto é assim que, não apenas JP mas, a própria família se torna reclusa. A não ser pelos pais de Nicholas, único amigo de Jack, eles não possuem contato com mais ninguém.
Essa situação toda faz com que eles tenham uma certa “inveja” do casal de amigos, não pelo que eles são, mas sim por terem uma vida mais leve, de modo que em diversas passagens eles são pegos pensando no que a vida deles poderia ser sem a doença. Um exemplo é o fato de Tim ter largado a faculdade para cuidar do filho depois do diagnostico, o que fez com que ele arrumasse apenas trabalhos que pudessem ser conciliados com sua rotina doméstica, tornando-o dependente do salário da mulher.
Apesar de ambos não saberem lidar com a doença do filho, porém, eles possuem uma visão diferente da situação. De um lado, Holly, depois do acidente, passou a ter medo do filho e a tentar evitar o contato com ele devido a algumas situações. Ela não se sente mãe, não demonstra interesse por JP e olha para ele com pessimismo. Por outro lado, Tim é otimista, ele acha que há uma melhora e que o tempo irá ajudar o filho, algo que leva a discussões entre o casal, porque enquanto ela sugere internação e outros métodos, ele se diz contra, e cada um usa as atitudes do dia a dia para tentar reforçar seu ponto. Não bastasse isso, no meio da coisa toda está Jack Peter, um garoto que vê o mundo de um modo diferente de todos os outros e que, apesar de não compreender a situação da mesma forma que seus pais, também sofre as consequências dela. Devido as suas dificuldades de comunicação, ele acaba usando seus desenhos de monstros como uma forma de se expressar.
            Como você já deve ter percebido, independentemente de haver elementos sobrenaturais na história ou não, a vida de Jack e de sua família não é fácil e já existiria tema suficiente para desenvolver uma boa história, entretanto já não bastasse todos os problemas ainda há os monstros.

Não olhe em baixo da cama

            Devido à síndrome de Asperger, Jack passa boa parte do seu tempo entretido em alguma atividade, geralmente sozinho ou com seu amigo Nick, a única criança que tem contato. Durante o período em que o livro se passa, os principais hobbies do protagonista são brincar de guerra com soldadinhos e desenhar monstros, como se o autor quisesse mostrar que independente do protagonista entender o assunto dos adultos, o clima que permeia a casa levou ele a se expressar por meio de suas brincadeiras: guerras e monstros.
            A presença de monstros ao longo da narrativa tem como principal objetivo evidenciar os problemas já existentes na casa: eles são um reflexo não apenas do presente, mas de situações mal resolvidas do passado. Não vou discutir se os monstros são reais dentro da trama ou não, isso você vai da sua própria leitura, porém, em ambas as interpretações eles são também simbólicos. Sabe aquele negócio dos filmes de terror de ambientes conturbados atraírem espíritos ruins? Tipo isso.
            Pensado por esse lado, é interessante ver a percepção dos monstros para cada um. Desde o início, JP vai falar sobre os monstros que ele vê, mas, tirando Nick, ninguém dá atenção, afinal ele é apenas uma criança que vive em seu próprio mundinho. Já seus pais, apesar de presenciarem situações estranhas que não conseguem explicar, em nenhum momento tentam escutar o filho. É como se os adultos perdessem a sensibilidade para enfrentar os problemas, apenas ignorando-os, e a criança tivesse que lidar com toda a situação sozinha — e a seu modo — enquanto percebe que não há ninguém para ajudá-la, nem mesmo seus pais.
            Essa situação faz com que cada um acabe se isolando em seu próprio mundo: JP dia após dia distraído com suas atividades solitárias e sendo bombardeado pelas decepções dos pais; Holly focada no trabalho a evitar a família quando possível; Tim passando seus dias como dono de casa, fazendo pequenos trabalhos como caseiro e remoendo o passado do que poderia ou não ter sido; Nick lidando com a falta de atenção e a bebedeira dos pais, os pais de Nick tentando superar a perda de um filho, etc. Todos eles enfrentando monstros a sua maneira.
É justamente no feriado de fim de ano, em que todos são obrigados a ficar juntos, que os monstros irão sair do armário e de baixo da cama, seja para separar ou unir cada um deles.

                                                                                         
Branco, frio, silencio

            A ambientação do livro é tão importante quanto os personagens e até mesmo a historia porque, além de ser um dos principais condutores do leitor, também acaba sendo uma forma de representar o clima que está em volta daquela família.
            Por se passar em uma cidade litorânea dos EUA, no mês de dezembro, já é possível imaginar o cenário em que a historia se passa: a neve que deixa tudo branco e nublado, dificultando ou impedindo as pessoas de saírem de casa, o frio congelante e o silencio, não apenas pela menor circulação de pessoas na rua, mas por ser uma cidade litorânea em que muitas casas são de veraneio, sendo habitadas somente no verão. Ou seja, há um dialogo direto com o sentimento e os relacionamentos entre os personagens. A frieza de Holly com o filho, o silêncio que predomina na casa, o monocromatismo do branco que oculta as outras cores, a nevoa que encobre a felicidade, etc. O clima acaba assumindo o papel de personagem, ele é vivo e está em constante interação com os outros personagens.
            Algo interessante de notar é que o inverno vai predominar durante toda a leitura, o único momento que vão falar do verão é sobre o dia em que houve o acidente com os garotos, como se até aquele momento ainda houvesse felicidade apesar dos problemas, mas após o evento o inverno chegasse e nunca mais saísse de suas vidas.
            Uma coisa que permeou toda a leitura, talvez seja apenas uma interpretação minha, foi o fato de que o afogamento das crianças não parece ser o principal elemento para todo o conflito que existe nas famílias de Jack e Nick, embora tenha sido necessário para trazer assuntos mal resolvidos do passado, colocando o problema diante deles sem a possibilidade de escape.

Real ou surreal?
           
            A narrativa caminha por duas direções que, apesar de conversarem entre si, podem conduzir o leitor pra interpretações diferentes.
            A primeira, como pode ser visto logo no titulo, são os monstros. A narrativa vai sendo construída devagar e apresentando os monstros, criando todo o clima de terror e desenvolvendo o aspecto sobrenatural. Há um clima de mistério  porque todos os personagens irão lidar com monstros, mas sempre fica a duvida no ar, será que os monstros realmente existem? As crianças sempre falam de monstros então automaticamente criamos uma resistência em acreditar neles. Contudo, quando os adultos experienciam um evento fora do comum, partimos pra uma explicação lógica, e buscamos formas de resolver o mistério sem apelar pros monstros. O autor vai brincar com isso, pois as criaturas sempre ficam nessa linha que divide o real com o imaginário, nunca assumindo sua real concretude. Logo, uma leitura que ira dialogar constantemente com os sobrenatural e que a principal questão a se resolver é: esses monstros existem de fato? Se existem, quem eles são?
            Numa outra direção interpretativa, é possível fazer uma leitura mais “realista” e nunca pensar nos monstros como monstros, mas sim como representações de todos os problema e conflitos. Se você partir dessa visão é provável que chegue a interpretações malucas sobre o livro, assim como eu cheguei, mas que nem por isso fazem menos sentido que a “leitura sobrenatural”, já que o livro fornece elementos pra isso. Assim como os monstros vão sendo apresentados aos poucos, a partir de sugestões, o passados das personagens também, tal como um quebra cabeça, a historia e o que há por trás daquela família vai se montando com cada um deles fornecendo uma peça. Ao longo da narrativa, no entanto, vamos percebendo que faltam certas peças e que existem determinadas lacunas as quais impossibilitam o leitor de encontrar algumas informações que foram sugeridas mas não confirmadas.
            Por mais que existam essas duas possibilidades de leitura, uma não exclui a outra e sempre haverá a presença de uma ou outra no outro simultaneamente, tanto que o desenvolvimento dos monstros e o desenvolvimento do passado vão ocorrendo juntos, e um dá suporte para que o outro faça mais sentido.
            Por isso, leia sem tentar abraçar uma ideia específica. Deixe a leitura te conduzir pelo litoral congelado do Maine, com monstros ou não.


Desenhando monstros
[SPOILERS]

            Bom, já falei bastante sobre os monstros, traumas e problemas familiares presentes no livro e como isso pode gerar percepções diferentes de acordo com o leitor, então agora vou falar sobre algumas interpretações que eu encontrei — elas estão certas? Provavelmente não, mas são leituras possíveis de se fazer. Se você já leu e também viu algo incomum, deixe um comentário e vamos conversar.
            Depois que se termina o livro e se começa a repassar algumas passagens, podemos ver coisas que durante a leitura passaram despercebidas. Diversas possibilidades surgiram na minha cabeça e algumas delas se contradizem juntas, embora separadas fizessem sentido. A principal delas, que permeou toda a leitura, foi a possibilidade de Tim ser o pai de Nick, pois, em certa passagem, mostra-se ele e a mãe de Nick tendo relações sexuais, além disso, também há uma passagem que ele pensa algo como: “se eu tivesse seguido minha vida com sua mãe e fosse pai do Nicholas a vida teria sido diferente.”
            Diante disso também é possível desenvolver uma outra teoria, que pode ou não se relacionar com essa primeira, que é a morte de Nicholas. No fim do livro vamos descobrir que Nick está morto mas que JP consegue mantê-lo vivo por meio de seus desenhos, sendo que podemos pensar nisso pelo lado fantástico e ele realmente estar vivo, embora não dê para descartar isso como um simbolismo em que Nick morreu no acidente e ninguém conseguiu superar, continuando presente ali para aquelas famílias, mostrando a dificuldade de superar a morte da criança, etc. Não apenas isso, como também sabemos que os pais de Nicholas perderam um filho. Sim, pode ser outra criança, mas também pode ser ele próprio. Sendo assim, se Tim for de fato o pai de Nick, explicaria o motivo da família estar mais devastada que o normal, não apenas por ele ser o pai mas também por reavivar questões do passado, aumentando o atrito com Holly.
            Considerei ainda outras possibilidades e interpretações recentemente, mas elas precisam de um pouco mais de imaginação, então não vou me alongar mais, mas estamos abertos a discussões.
[/fim dos spoilers]

Devo desenhar monstros?

            Se você leu até aqui, você deve ter percebido que sim, eu gostei do livro. Apesar da história ser simples, ele tem um clima bem legal e permite diversas abordagens mesmo com poucos elementos. Mas pelo que eu li em algumas resenhas, muita gente não gostou, então eu recomendo pesquisar um pouco para saber se é o tipo de livro que você gosta ou não.
            O que eu mais curti em todo o livro foi exatamente o que as pessoas que não gostaram mais apontaram como “defeito”, que é a lentidão. O menino que desenhava monstros é um livro devagar e de certo modo cansativo, porém não digo isso no mal sentido. Tudo nele acontece aos poucos e não há muitas passagens agitadas, não há grandes acontecimentos e os monstros mais criam tensão na história que causam algum dano. Penso, entretanto, que tudo isso seja necessário para ambientar não só a história, no entanto também aquele que esta lendo. Por ser um livro muito visual, durante toda a leitura você se vê preso naquela casa cercada de neve, sendo necessário sentir aquilo que os personagens estão passando para que a leitura flua melhor.
            O menino que desenhava monstros foi cedido em parceria com a darkside books e foi uma grata surpresa, porque ele se mostrou algo muito além da sinopse, que por si só já parecia interessante. Caso tenha se interessado, vá correndo na livraria e compre sua a sua edição porque ela ta bonitona, assim como todos os livros da darkside. Além de todo o trabalho gráfico ao longo do livro, simulando riscos de canetinha, as ultimas paginas são reservadas pra você desenhar os seus próprios monstros. Mas cuidado, eles podem ter vida própria...

4 comentários:

  1. Uau! essa resenha está maravilhosa, completa, analisando todos os lados, os poréns. Posso pedir seu auxílio numa interpretação? Eu criei expectativas, falsas expectativas, pensei que a questão do Nick desenhar os monstros era pra 'conter' um mal maior que os estava espreitando, a questão dos náufragos, etc, pensei que era um blefe, sabe qdo vc espera mais? No fim ele que criou esses monstros pra atazanar o Nick, para vingar-se dele, pelo menos foi isso que eu entendi! Senti algumas pontas soltas. Tb gostei da sua teoria do Tim ser pai do Nick pq além do caso dele com a mulher tem tb uma parte q vendo os meninos juntos ele diz que parecem gêmeos, são parecidos. Li rápido demais, não peguei essa parte da morte do menino numa leitura paralela. Me escreva, se puder, queria juntar essas pontas soltas. analetras09@hotmail.com. Criei tanta expectativa com a história dos fantasmas q jurava que teria algo sobre isso p acalmar essas almas, criou-se isso aleatoriamente e depois n serviu de mta coisa, so uma válvula de escape p Holly

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    1. Olá Juliana, fico feliz que tenha gostado da resenha ;)
      Sim, eu senti a mesma coisa que você, o livro deixa bastante ponta solta, e isso acho bom, pq abre diversas interpretações. Por mais discussão que tenha acho q não resolveremos todas as questões haha.
      Eu também esperava algo completamente diferente no final, mas gostei de como acabou (alguns dias depois, pq na hora achei estranho acabar daquele jeito).
      Então, eu não senti que os monstros eram só pra atazanar o Nick propositalmente, pra mim foi meio que uma reação aos contantes desenhos e acabou fugindo do controle.
      Eu não entrei mto na questão do naufrago justamente por causa disso, o livro não dá material suficiente sobre a situação e não consegui formar uma opinião concreta. Mas uma das possíveis interpretações é de que a responsável pelos fantasmas seja a japonesa assistente do padre,talvez para manter aquela memoria viva, pq varias vezes ela fala que é igual ao Jack e que é capaz de entende-lo, e ela parece conhecer bem a situação, mas evita falar perto do padre. Mas é só uma especulação hahah

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  2. O livro é muito interessante! Fiquei muito surpresa no final, tive que reler várias vezes, pois queria compreender mais aquela situação do Jack explicando para sua mãe sobre os desenhos de Nick. Foi uma narrativa impressionante, cada página um ar de mistérios e supresas. Lendo a sua resenha, me fez abrir novas visões sobre a história. A relação de Tim ser o pai de Nick, havia pensado nessa probabilidade também. Na página 248 a mãe do Nick diz assim "Não vou aguentar perdê-lo. Pensamos que ele havia partido há três anos." A minha ficha começou a cair, mas queria ter essa confirmação no final da história, já estava imaginando que Nick esteve-se"morto" que tudo era imaginação do Jack, mas quando li o final da história fui me surpreendendo. Parabéns pela resenha.😉

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    1. Olá Andreza, é bem legal saber que a resenha ajudou a abrir novas suposições sobre a história.
      Sim, eu também gostei muito da narrativa, porque o clima de estranhamento permanece do inicio ao fim. Faz um tempinho que li, mas lembro que teve um capitulo que mostra o Tim tendo algo com a mãe do Nick, então a partir desse momento eu comecei a desconfiar que havia algo estranho ali e que ele poderia ser pai dos 2, porque sempre havia uma certa tensão.
      Esse evento do acidente parece ser a chave de toda a historia, pq sempre sentia que algo fica faltando quando era mencionado. Havia um misterio ali que não queriam revelar.

      Brigado pelo comentario ;)

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