Preparem os sabres de luz, porque hoje a batalha vai ser em uma galáxia
muito, muito distante. Sim, jovens padawans, o Café irá falar de Star Wars, mas esqueçam Luke, Anakin e sua
turminha; hoje deixaremos os queridinhos de lado e faremos uma viagem um tanto
quanto peculiar ao lado de prisioneiros e soldados numa nave do Império. Ah,
esqueci de falar, têm zumbis também...
“A perna estava conectada a um
tronco, coberta por outro, e mais outro. A pilha crescia à frente dele,
contendo o que ele compreendeu serem centenas de corpos desmembrados – cabeças,
braços, pernas, corpos inteiros, ossos expostos, muitos deles ainda vestidos
com uniformes imperiais estragados e armaduras incompletas de stormtroopers. A
pilha erguia-se até o teto. Detalhes saltavam sobre o menino de todo canto. Os
corpos foram misturados feito cortes num abatedouro. Alguns deles estavam
algemados, outros, cortados grosseiramente aos pedaços, outros ainda pareciam
ter sido parcialmente devorados, nacos inteiros de carne arrancados às
mordidas. Muitos dos pedaços estavam inchados a ponto de a pele começar a se
rasgar feito uma linguiça, e Trig reparou que pisava numa poça viscosa do
líquido que vazava dos corpos e cobria o piso.”
Titulo original: Death Troopers
Autor: Joe Schreiber
Ano: 2015
Editora: Aleph
Paginas: 328
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Durante uma viagem que transportava
presos, a nave imperial Purgação acaba sofrendo avarias no meio do
espaço que a impedem de continuar seu trajeto. A solução encontrada para
concertar a nave e levá-la ao seu destino pode ser o destróier apontado pelo
radar.
Assim, sem conseguir contato e sem
encontrar sinal de vida na outra embarcação, uma equipe da Purgação é
enviada para buscar as peças necessárias para o reparo e, se possível,
estabelecer um diálogo com aqueles que estão lá. Sem sucesso em contatar outros
membros do império, mas conseguindo as peças necessárias, a equipe volta para a
Purgação sem saber, porém, que, junto com eles, estão trazendo uma
terrível doença.
Imunes
A premissa de Troopers da morte
é simples e também não é das mais criativas, tanto que existem milhões de
filmes B’s com temáticas parecidas. Após visitar um local misterioso, uma
doença se espalha matando grande parte da tripulação e a transformando em
zumbis, sendo que aqueles que sobrevivem fazem de tudo para descobrirem o que
esta acontecendo e/ou para permanecerem vivos. Esse é o ponto de partida do
livro, mas, ao invés de ser só mais uma historia de zumbis que as pessoas
torceriam o nariz e que passaria despercebida, tudo isso se passa no universo
de Star Wars entre o episodio III e IV.
A história é contada por diferentes
perspectivas, dando uma maior dinâmica para a historia e ajudando o leitor a
ter uma visão mais ampla dos diversos setores da Purgação. A principio,
teremos quatro protagonistas: Kale e Trig Longo, dois irmãos que foram presos
junto com o pai que morreu alguns dias antes; a doutora Zahara Cody, a médica
responsável da nave, que administra o centro medico junto com seu droid; e o
capitão Jareth Sartoris, responsável pela guarda e que também faz parte do
grupo de inspeção do destróier abandonado.
Esses personagens, por serem
diferentes e ocuparem posições diferentes dentro da nave, mostram diversas
perspectivas sobre o problema e modos diferentes de lidar com a situação, além
disso, muito da trama é construído a partir dos conflitos entre eles, tanto que
desde o inicio é perceptível que todos eles estão de certa maneira ligados por
um fator comum, o que pode parecer meio conveniente fazer com que justamente
esses personagens sejam imunes a doença.
No decorrer dos acontecimentos
surgirão personagens conhecidos, mas mesmo parecendo meio desnecessário e que
eles estão ali só para trazer uma familiaridade e “aumentar o valor” da
história, não tem como não esboçar um sorrisinho de felicidade se você é fã da
serie.
Infectados
A obra pode ser dividida em duas
partes. A primeira terá um foco maior no suspense, apresentando os personagens
e seus dilemas, mostrando o inicio da doença e como ela foi se manifestando. A
segunda parte já tem um clima de filmes de zumbis, que mistura ação e terror,
de modo que os personagens precisam encontrar formas de sobreviver ao problema.
Particularmente, a construção dos
zumbis foi algo que me incomodou um pouco, pois sinto que o autor poderia ter
desenvolvido melhor os mortos vivos. Diferente do nosso imaginário baseado em Night of the living dead, os zumbis de Troopers da morte não são
lentos, nem totalmente burros; eles conseguem tomar algumas ações coletivas que
não seja puramente instinto. Apesar desse meu incômodo, eles funcionam na trama
e não atrapalham no desenvolvimento dela.
Uma coisa que gostei bastante na
obra é que, apesar de fazer parte do universo de Star Wars, o autor se manteve
fiel à história que estava contando e não se preocupou em deixar as coisas
bonitinhas só porque isso seria mais consequente com o clima geral da série.
Assim, no decorrer da trama, veremos diversas passagens bem nojentas e até
mesmo perturbadoras, embora, é claro, você não deva esperar algo no mesmo nível
de obras gore – ainda estamos falando de Star Wars.
Star
Wars e Zumbis?
Toda a historia vai se
passar dentro da nave, então o leitor que espera ter um contato maior com o
universo de Star Wars pode acabar se decepcionando um pouco.
Não apenas isso, mas o fato é que Troopers
da Morte, mesmo carregando o selinho Star Wars, é um livro que funcionaria
não apenas nesses universo como em qualquer outro. De fato, durante a leitura
surgem algumas referências ao Darth Vader e ao Império, temos também
personagens famosos da série e mais um detalhe ou outro que é específico desse
universo, mas tirando essas coisas, que aliás poderiam ser substituídas
facilmente, o livro não faz você pensar que está lendo algo desse universo,
ainda mais porque destoa bastante de tudo aquilo que conhecemos.
Bem, isso é ruim? Não. Mas soa como
se o autor usasse o nome da franquia para facilitar as vendas.
Dead
Wars
Com capítulos curtos e uma escrita
sucinta e ágil, o autor consegue criar uma história de sobrevivência que mesmo
não oferecendo nada de inovador, vai agradar os fãs de zumbis. Exceto por
alguns personagens e por uma referência ou outra, o universo de Star wars não
tem tanta relevância aqui, mas não atrapalha e até traz um pouco de saudosismo para
os fãs do filme.
Sendo assim, Troopers da Morte
é como grande parte dos filme B de terror: não é bom, não trás nada de inovador
e se apropria de ideias já consagradas para facilitar a venda, porém nem por
isso deixa de entreter e divertir o leitor.
PS: Um filme de Troopers
da morte, sem dúvidas, estaria na lista do Café.
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